28 de junho de 2008

Bola pro mato

Esse dias, ficou ainda mais claro para mim que a imprensa esportiva chuta muito. E consegue chutar pior que o time do Vasco.

A seleção da Rússia nesta Eurocopa, por exemplo. Jogaram ela pra o alto, ocuparam várias linhas nos jornais e muitos minutos das TVs com mil elogios. Porém, quando vi Holanda X Rússia, achei que os caras ganharam mesmo no cansaço do outro time. O terceiro gol deles, vindo de uma cobrança de lateral, mostrou isso. Parecia gol de fim de pelada de coroa, quando ninguém aguenta mais carregar a barriga e sempre tem um moleque novinho que faz a festa.

Aí, na partida seguinte, a Rússia toma uma piaba da Espanha, que não é lá essa seleção. O fato é que 99% dos elogiadores ficaram calados, como se ninguém tivesse falado nada. Depois querem ser levados à sério, sempre com aquela pose de analista de Wall Street. Se no meio dos jogadores a maioria é vista com galhofa, porque eu, que entendo infinitamente menos que eles, não pensaria o mesmo?

25 de junho de 2008

Complexo de vira-latas

Nélson Rodrigues disse que o complexo de vira-latas do brasileiro sumiu quando a seleção ganhou o mundial de 58. Porra nenhuma. Ele nunca foi tão grande e o comportamento das classes média e alta está aí para comprovar.

Um ótimo exemplo é o uso de palavras em inglês que poderiam perfeitamente ser expressadas em português. São muitos os casos. Brainstorm, termo usado no marketing e na admnistração, poderia ser reunião de idéias, entre várias maneiras de expressar isso. Palestrante virou speaker. Visual, segundo a boiolada da moda, é look. E muitos outros exemplos que todos poderiam citar. Fora a completa subserviência cultural que é comemorar Halloween. Isto numa terra onde tem as festas juninas, pra mim tão legais quanto o carnaval e que não existem em nenhum outro país.

Pior é que isso ficou tão massificado que, em muitos casos, entra no automático, tal qual um papagaio conectado na internet. Simplesmente não percebemos.

Se isto não é complexo de vira-latas, não sei o que mais pode ser.

19 de junho de 2008

Técnico de clube e de seleção

Durante a Copa de 2006, o ex-jogador Edílson participou de debates no Sportv. Um dia, quando perguntaram a ele como era ser treinado pelo Felipão, ele vacilou por uns dois segundos e soltou: - Ahhh... é aquilo, né? Todo mundo sabe como joga um time dele. É sempre aquele esquema, só que ali os outros atacantes tinham que correr pelo Ronaldinho, que não tinha condição de voltar pra marcar. Ali, Edílson expôs a falta de criatividade de Felipão.

De fato, nas eliminatórias de 2002 ele foi um desastre. Saiu daqui xingado até por padre. E antes delas, conseguiu fazer tanta merda que a seleção perdeu até de Honduras na Copa América. Mas é aquilo: depois de mais uma Copa ganha por jogadas individuais, a glória sempre vai, em parte, para o treinador. Na festa, todo mundo esquece tudo.

O seu grande talento é lidar com o psicológico. E uma declaração de um jogador português, antes da derrota para a Alemanha, mostra isso: - Felipão nos deu auto-confiança. Convenceu a nós que poderíamos ganhar de seleções como Itália, Alemanha e Brasil.

Liderança e carisma são importantes. Mas ser criativo e dar liberdade ao jogador é fundamental para quem treina uma seleção brasileira. Por isso, prefiro o Luxemburgo, com todos os defeitos da personalidade que ele tem.

Preconceito e Angelina Jolie

Imagine um típico casal de suecos, Thömas e Ingrid Larsonn, bem boto-cor-de-rosa, e que não pode ter filhos. Aí, eles resolvem dar uma de Angelina Jolie e adotam um bebê congolês mais preto que a asa da graúna.

Se esse bebê for criado com a cultura local, ele se tornará em um típico sueco. Gostará de ABBA, verá e entenderá Bergman e, em algum dia, pensará em suicídio. O fato de ser negro não siginifica que ele será menos sueco.

É por essas e outras que acho a expressão "cultura negra" preconceituosa. A cultura referida, na minha opinião, é afro-americana. A sua origem vem de uma região, da sua história, do universo e das condições de lá, independente da cor da pele das pessoas. Avaliar assim é dar margem a dizer que a Oktoberfest é uma festa da cultura branca, e não alemã. Pode parecer até pesado, mas pra mim o raciocínio é o mesmo.

Detalhe da foto: eu precisava de um motivo não-gratuito pra colocar uma foto dessa mulher. Achei..

18 de junho de 2008

Que Japão que nada. É Benin.

Se fosse feito um ranking dos países que mais influenciaram a cultura brasileira, o Japão estaria mal na fita. Bem atrás do Líbano, da Síria, da Itália e Benin. Este último então, é bem capaz de ser o primeiro colocado.

É de Benin que veio uma parte significativa dos escravos. Séculos depois, a cultura dessa região da África Central influenciou e moldou muito do que a população brasileira é. Escrita, fonética, artes, religião, esportes, culinária, tipo físico, etc. O Brasil é um país com bastante da região central da África, essa é a verdade. Em uma proporção menor, os italianos, libaneses e sírios também têm a sua parte.

Mas e o Japão? Quantas palavras da nossa língua são de origem japonesa? Ao percorrer o Brasil, você vê a população comendo sushi? E música? Nos esportes, tirando judô e karatê - em números absolutos pouco praticados -, onde se vê influência nipônica? Rodrigo Tabata?

Ao escrever isso, não quero desprezar. Só lembrar que a influência japonesa se restringe à algumas colônias urbanas e agrícolas - bem fechadas por sinal - e à uma parte da classe média de alguns grandes centros que vão a restaurantes japoneses e têm aulas de Judô e Karatê. Ah, tem o mangá. Mas são lidos por meia dúzia. E desenho de pancadaria, aqueles adolescentes que vestem roupa de heróis... Isso não é cultura, me desculpem. Não influenciam a essência de uma nação.

Diante do tamanho do Brasil, acaba sendo muito pouco. Na verdade, esse estradalhaço todo só acontece por causa do dinheiro que a colônia tem. É isso, sem rodeios.

Se em vez do Japão, fosse Benin que tivesse multinacionais e executivos instalados aqui, não haveria essa festa. Talvez nem tivesse. Seria tudo para Benin.

Detalhe da foto: estudos mostram que Benin também teve sua influência na colônia japonesa.

Políticos são todos iguais

Alguns não. Outro sim. Esses, parecem até irmãos...

O sonho de __ era ser __ - parte 16

O sonho do Lawrence Fishburne era ser o Samuel L. Jackson.

O sonho do Alex Werner era ser o Zeca Camargo.

O sonho da Fernanda Takai já foi ser a Rita Lee. Agora é ser a Nara Leão.

O sonho do Kobe Bryant era ser o Michael Jordan.

O sonho da Iziane era ser a Hortência. Um dia ela acorda e passa a sonhar em ser a Janeth.

Hulk esmaga as Barcas

Pelos estragos que costuma fazer, imagino que o Hulk tenha a força de umas oitocentas pessoas em fúria. Pois essa é, em média, a quantidade de pobres diabos que mofam em cada fila que se forma nas Barcas.

O povo não tem idéia do que poderia fazer se resolvesse se unir de verdade...

17 de junho de 2008

Leonardo Boff

Com exceção de Zico e Leandro, por motivos óbvios, nunca fui de colocar ninguém num pedestal. Porém, um cara que deveria merecer mais destaque, se esse fosse um país sério, é Leonardo Boff.

Poucos como ele revolucionaram tanto o pensamento religioso em todo o mundo. Tornou-se conhecido mundialmente, junto com Hélder Câmara, por ter sido uma dos principais cabeças da Teologia da Libertação. Com ela, tentou-se trazer de volta a mensagem inicial do cristianismo para a Igreja Católica, que foi perdida há séculos. Que, modernamente interpretada, não é a renúncia ao mundo material. É apenas viver usando o mundo como meio, e não como fim, numa relação sem culpas ou exaltações histéricas com Deus.

Pela lógica de Leonardo Boff - pelo menos vejo assim - um carro deve ser moderno para transportar bem e proteger melhor ainda, e não para colocar o seu proprietário em algum lugar da sociedade. Ingênuo, né? Mas a poluição, a criminalidade, as angústias humanas e a desigualdade social são frutos diretos desse desequilíbrio. Uma prova dessa busca desenfreada é que alguns dos períodos de maior desenvolvimento tecnológico foram as grandes guerras e a corrida espacial.

Já ouvi críticas a ele, acusando-o de ganhar dinheiro com seus livros. Porém, ao deixar de ser frei, do que ele viveria? Esmolas na rua? O mundo mudou do tempo de Jesus para cá.

Enfim, os artigos dele são sempre bem recebidos. Entre tanta pretensão que se lê por aí, ficam muito acima da quase totalidade dos textos de auto-ajuda com linguajar espiritual.

12 de junho de 2008

Itaquaquecetuba do Norte


Preparem-se, porque as Olimpíadas estão chegando.

Como vai ter niteroiense na delegação brasileira, as manchetes dos jornais e das colunas da cidade certamente trarão atentados provincianos como: "Niterói é medalha nas Olimpíadas" ou "Niteroiense brilha em Pequim". E com direito a desfile em carro de bombeiro na Praia de Icaraí e medalha na Câmara Municipal se tirar quarto lugar.

Detalhe da foto: niteroiense fica muito puto quando é chamado de roceiro.

11 de junho de 2008

Eu sei que sou foda, mas nem ligo pra isso


Se eu fosse abrir uma outra coluna fixa, listando pessoas como na O sonho de ___ era ser ___, poderia ser a dos babacas marrentos que procuram fazer pose de que não são assim. Justamente por isso, esses são os piores.

Eu os chamo de "Eu sei que sou foda, mas nem ligo pra isso."

Ou, pra encurtar, Rogério Ceni.

9 de junho de 2008

Duas caras


Poucos políticos me assustam mais do que Aécio Neves. Para mim, ele pode ser classificado como ameaça nacional com toda tranqüilidade. E explico o porquê.

Desde que assumiu o governo de Minas, sua administração vem sendo muito elogiada por ter contratado especialistas em administração para trabalhar no seu governo. Com isso, diminuiu o déficit público, enxugou a máquina estatal e recebeu o aplauso de todos os economistas tucanos possíveis.

Porém, não lembro de ter lido sobre alguma revolução na educação, de alguma grande medida para o atendimento hospitalar ou de saneamento em massa nas áreas mais pobres de Minas.

Ou seja, mais um picareta com verniz de MBA, celebrado pela mídia a tal ponto de se tornar quase uma unanimidade. Isso é o que mais me assusta.

Além do mais, dá pra acreditar no profundo altruísmo de um cara que é governador de Minas, mas mora mesmo com a vista do mar no Rio? E que em todo verão bate ponto no camarote da quadra da Mangueira, dando tchauzinho pra todo mundo com a maior cara de pau do mundo? Tem que ser muito bobo pra acreditar.

5 de junho de 2008

Anônimo nada

Essa eu nunca entendi. Toda vez que alguém entra para os Alcoólicos Anônimos, todo mundo fica sabendo. Pode reparar.

4 de junho de 2008

Libertadores e decadência

Há um bom tempo, eu sempre pegava barca com uma mulher muito bonita. E tão impressionante quanto sua beleza, era o seu ar de difícil, de inatingível.

Pois um dia, numa porta de boate, eu e um amigo a vimos com um cara inacreditavelmente apagado. Feio é restringir. Ele era apagado mesmo, coitado. Sabe o que aconteceu? Ela virou motivo de galhofa para nós dois. E ali mesmo, todo aquele glamour que ela tinha desmoronou. Tudo porque, a partir daquele momento, qualquer um poderia pegá-la.

Pois é exatamente isto o que vem acontecendo com a Libertadores de uma pá de anos pra cá. O Grêmio foi campeão com Paulo Nunes e Jardel. O Cruzeiro, com gol de Elivélton. O Once Caldas, com vários empates. E agora, o Fluminense se classifica para a final com um frango do goleiro do Boca na primeira partida e um gol sem querer na segunda, após levar um tremendo calor no Maracanã.

Libertadores virou isso. Não precisa ter timaço. O atual Boca, como vimos, não é nem de longe. Com meia dúzia de jogadores de razoável pra bom e um planejamento sem muitos detalhes, chega-se lá. Nem técnico precisa ter. Renato Gaúcho taí para provar. Só mesmo o Sr. Ninguém Santana para deixar uma oportunidade como essa passar.

Definitivamente, aquele torneio difícil pra caralho que conheci na infância acabou. Parabéns para o Fluminense. Assim como o cara do segundo parágrafo, ele não tem nada a ver com isso. Tem mais é que aproveitar.