29 de outubro de 2009

Palavras onde faltam ideias

Venho escrevendo, ou melhor, metendo o pau nessa verborragia corporativa que empesteia o mundo da classe mérdia. Mas isso não é fruto de uma mera implicância. Quem ler um pouco de Leonardo Boff percebe que esse culto ao ambiente empresarial virou uma referência de vida, e vem deturpando completamente a referência de valores das pessoas. Ou você faz parte dessa atmosfera glamourosa ou não está "in"...

Por isso, resolvi escrever essa postagem, e com esse nome. É pra falar justamente desse festival de eufemismos. De repente, rende uma série, assim como "O sonho de __ era ser__", que aliás está sumida. Também pudera. Depois de 37 edições, com nunca menos de cinco citações... Mas eu sei que vai voltar.

A primeira palavra que posso citar, acho que é a mais famosa delas: gestão. Já escrevi que gestão é um gesto grande, e não necessariamente um grande gesto. E tô vendo o dia em que vou encontrar com o dono do estacionamento onde coloco minha fubica, e ele vai se apresentar como Gestor de Parking...

O mais engraçado é que gestão é Administração. Nem se pode dizer que é uma administração no sentido de evoluir, porque isso caracteriza o bom administrador. Você pode administrar para manter ou melhorar. Se isso vai acontecer, depende das qualidades de quem faz ou das circunstâncias da empresa. Quer uma prova? Experimente colocar "gestão" no Wikipedia. Vai aparecer o verbete "Administração". Isso no site onde os sabichões do mundo internético fazem questão de expor o que sabem, como aqueles CDFs que sempre levantam a mão desesperados pra responder às perguntas da professora.

É aquele velho papo: não tem ideia nova, bota palavras ou expressões ensebadas pra disfarçar. E a gente, se não prestar atenção, acaba sendo engolido e faz igual.

28 de outubro de 2009

Aécio Never

As suas propostas para a presidência tem a cara do mundo moderno: gestão por resultados, foco no cliente, downsizing, empowerment e muito mais. Sem dúvida, é um político antenado - e apegado - ao que existe de melhor.

Se não for dessa vez que ele saia candidato, não tem problema. O governador das minas insistirá, mesmo que não se mantenha tão gatinho assim até lá. E no dia que conseguir - rezo pra que nunca, mas nunca aconteça -, será criada a versão remix do presidente Bossa Nova: o Presidente Bossa Lounge...

23 de outubro de 2009

Mega boiola

Boiolagem braba não é parada gay com milhões ocupando a Atlântica e a Paulista.

Boiolagem braba é ver marmanjo incorporar "mega" ao seu vocabulário usual.

22 de outubro de 2009

Essa é a vida

Natalino, o Pão com Carne Assada, ganhava pouco mais de 300 mil por mês na África do Sul.

Agora, vai ganhar 1 milhão nos próximos três meses só de multa, fora os salários, quando encerra o contrato, pra fazer aqui no Brasil a mesma coisa que fazia lá: nada.

Freud? Claro que não. Só Dali explica...

20 de outubro de 2009

A volta de Joel

Essa é mais uma história verídica. Um amigo, que chamarei de A., é um notório Guerreiro da Noite, com bravura comparável a dos integrantes da gangue do filme citado.

Pois A. certa vez estava com um grupo de amigos num bar ao lado do Dito e Feito. Ali, bebeu em proporções bárbaras e, num estado mais que abalado, partiu para o combate. Já com 15 minutos de atuação, A. saiu direto de lá para sua casa com a recém conquista. Ele até foi alertado por amigos, mas o excesso de álcool fez o feito ser maior do que o dito.

No dia seguinte, com os pássaros cantando em frente à sua janela, ele foi acordado por uma pequena sacolejada no ombro, com a frase fatal: - Coleeega... Coleeega... Me empresta 10 reais pra eu fazer um lanche ali embaixo e completar a passagem?

Acho que essa história serve como parábola para uma possível contratação de Joel Santana por um clube grande do Rio, que fatalmente vai acontecer até o Estadual de 2010. No início, num momento de enturvamento dos sentidos, pode até resolver. Mas depois...

18 de outubro de 2009

Exemplo do Equador

"O conhecimento é um bem público, os medicamentos para a saúde humana não podem ser considerados uma mercadoria." Essa frase não é de um médico sem fronteiras, e sim de Rafael Correa, Presidente do Equador.

Se eu fosse equatoriano, teria orgulho de saber que o Chefe de Executivo do meu país pensa e age assim, pois já foi anunciada a quebra de patentes por lá, que vai baratear em muito os remédios. A população pobre agradece, e com toda razão coloca a popularidade de Correia pra cima.

Enquanto isso, a única coisa que o governo brasileiro anuncia que vai quebrar é o bolso das pessoas, porque a conta das Olimpíadas vai ser quase toda nossa. Resumindo, os ricos comem de tudo e quem fica na privada botando tudo pra fora são os pobres e a classe mérdia. E, óbvio, pagando caro pra ir à farmácia...

15 de outubro de 2009

Babá

Babá, o albanês, anunciou esses dias que pretende ser candidato à Presidência da República pelo PSOL.

Caso seja o escolhido na convenção, já deixo aqui uma sugestão de mudança de nome do partido: PSTI...


14 de outubro de 2009

Artigos

Nas gramáticas, o artigo "da" traz a ideia de proximidade, especificidade. E "de" cria uma certa distância, que não chega a ser fria. Apenas não tão próxima de quando usamos "da". Porém, o uso deles demonstra, de maneira sutil, um sinal da decadência técnica que ocorre no futebol de anos para cá. Explico.

Quando eu era moleque, existia uma forma de classificar um jogador: se ele era "de" seleção ou não. Uma torcida poderia idolatrar o craque do seu time e até pedir a sua convocação, mas se não fosse realmente "de" seleção, o torcedor saberia disso em seu íntimo.

Normalmente, esse jogador tinha de ser mais completo, ter algo a mais, como se fosse uma aura, um status indescolável. E isso acontecia mesmo que não ele fosse convocado. Dirceu Lopes é um exemplo. Não foi à Copa de 70, mas quem tem coragem de dizer que não foi um jogador "de" seleção?

Hoje, em virtude dessa pobreza técnica franciscana e da supervalorização do treinador, trocou-se o "de" por "da". O jogador é da seleção, e não de. Ele está, não é.

Nessa nova situação, o problema não é saber se o artigo é definido ou não. E sim se vai ser definitivo...

9 de outubro de 2009

Essa coisa

Por que tantos atores, autores teatrais, artistas plásticos, escritores, músicos, críticos de música, artes plásticas, literatura, cinema e teatro, professores universitários, sociólogos, antropólogos, publicitários, poetas, jornalistas, enfim, toda essa turma insiste tanto em usar a perdulária muleta de linguagem citada no título?

"Essa coisa da sensualidade brasileira" é, sem muleta alguma, "A sensualidade brasileira." "Essa coisa do carnaval" é, sem papagaiada, "O carnaval". Não tem desculpa. Tem é presepada.

Coisa pra mim é o cara aí de cima, um dos melhores personagens de HQ. Aliás, como ele não tem tolerância pra frescura alguma, nem imagino o que aconteceria com alguém que dissesse isso na frente dele...

2 de outubro de 2009

Olimpíadas de Niterói

Cena clássica de filme de adolescente americano: numa casa enorme rola o maior festão, e o vizinho nerd não foi convidado. Todos bebem, dançam, caem na piscina com a roupa de baixo e ele lá, só espiando... Pois Niterói vai ser esse cara em 2016.

Mas ainda há salvação: a cidade poderia sediar as competições de arco e flecha. E com direito a um favorito local pela medalha de ouro...