14 de janeiro de 2011

A mesma merda de sempre

Pra planejar e fiscalizar o espaço público não precisa de empreiteira.

Realizar uma reforma urbana mexe com interesses do mercado imobiliário.

Remover moradores em áreas de risco não dá votos, e tira em época de eleição. 

Será que precisa explicar mais sobre as enchentes, os desabamentos e as decorrentes mortes que acontecem no Brasil, e não em países mais sérios?

9 de janeiro de 2011

O Grande Circo da Educação Brasileira

Primeiro, os jornais publicaram que a cúpula do PSDB se articula para defender o período integral nos primeiro e segundo graus de todo país.

Depois, publicaram que o governo federal quer implantar esse regime no segundo grau, mas há limitações.

Mas, pra variar, não publicaram o principal: que isso não tem nada de novidade, pois Darcy Ribeiro fez há décadas com os CIEPs, quando foi secretário de educação do Estado do Rio. 

Na época, o grande educador, antropólogo e político foi acusado de criar uma escola cara, quando na verdade seu sistema de construção era barato e rápido, criando um ambiente decente para as aulas. Seu projeto educacional é inspirado no que predomina em países como a França, onde a educação dá banho de soda cáustica no brasileiro. As críticas surgiram porque os CIEPs são bons e bonitos, com uma proposta que forma cidadãos. Resumindo, ali pobre era tratado feito gente, e não comprador de promoção de eletrodoméstico. 

Isso foi há quase 30 anos, bem antes desse circo todo ser apresentado como grande novidade. É claro, com a ignorância ou falta de sensibilidade dos jornais.

3 de janeiro de 2011

Pobre menina rica

Aécio Neves e Sérgio Cabral pegando criança pobre no colo. O jogador de futebol Roger beijando o escudo de qualquer time. Esposa ou namorada dizendo que não se importa com a existência de sua ex. Uma nota de três reais.

Tudo isso soa muito mais verdadeiro do que o furor “estou do lado do povo” de Regina Cazé, em seu novo programa dominical. Afinal, se ela gosta tanto assim da patuleia - a ponto de dizer que mora em uma rua metida do Leblon – por que não muda logo pra Vaz Lobo ou Bangu?

Detalhe da imagem: para não ficar mal com seus metidos vizinhos da metida rua do metido Leblon, a nossa legítima representante do povo promoveu um churrascão de coq au vin ao som de Brahms, Chopin e Debussy. E, para a finesse geral da nação tricolor, sem os trocadilhos que seriam feitos com esses nomes pelos seus verdadeiros amigos de Vaz Lobo e Bangu... 

O país Casas Bahia

Em um discurso absolutamente previsível em sua posse, a presidente falou maciçamente sobre os ganhos de renda recentemente obtidos pela população mais pobre. Uma tecla insistentemente batida para definir o que é o tal do “desenvolvimento”, associando-o diretamente ao poder de compra, por mais que fale em educação, saúde ou segurança.

Nessa hora, foi inevitável buscar a Dinamarca como comparação. O que faz esse país ser realmente desenvolvido? Em matéria da revista Época, foi colocado o seu lema nacional, assimilado e cultivado por todos: “Ninguém é melhor do que eu, logo eu não sou melhor do que ninguém.” Traduzindo para a nossa realidade, significa que uma pessoa não precisa de uma tevê LCD ou saber diferenciar os talheres de peixe e carne pra se sentir respeitada pela sociedade. Pela lógica dinamarquesa, cada um vale pelo que é, capitaneado pela conduta moral. E o grande conforto material que todos usufruem é importante sim, mas representa um instrumento para uma boa vida, e não a sua finalidade. Talvez esse seja um dos principais motivos de existir muito menos desigualdade e corrupção nesse exemplo de país.

Você pode encontrar isso em textos de Leonardo Boff, em simpósios sobre sociologia ou nos sermões e palestras das casas religiosas mais esclarecidas. Mas, infelizmente, não achará nos discursos da nossa presidente, que estão mais para textos publicitários das Casas Bahia.

Que Deus nos proteja pelos próximos quatro anos.