16 de março de 2015

Democracia participativa para a classe média tradicional, em uma lição.

A proposta aqui é descrever o que é democracia participativa na língua que um classemediano tradicional realmente entenda. Tipo o klingon para o Sheldon. Pra situar melhor, o classemediano tradicional em questão é, na maioria das vezes, aquele que os avós votavam no Lacerda, os pais no Álvaro Vale e alguns filhos mais desgarrados até flertaram com Lula paz e amor na eleição de 2002, por conta da ilusória honestidade. E num reload, com a PeTrorroubalheira, voltaram ao Lacerda, mas em sua versão Hang Loose.

Essa língua, acredite, é o português!!! Mas usando o útil artifício da comparação... Podemos dizer que essa em específico usa, bem de leve, o método do vermelhista-cubanista-bolivarianista-subversivista Paulo Freire, já que recorre ao cotidiano particular para se fazer entender, entrando no imaginário neolacerdista para transmitir o conhecimento.

Então. Democracia participativa é mais ou menos assim:

Imagine-se voltando no tempo das emprescravas, poucos anos atrás, com o saudoso salário de 170 reais, quartinho nos fundos e almoço na cozinha após os patrões se resfolegarem. Antes de tudo, concorde ou não com o que passou, isso era uma relação comercial. Trabalhista não tem como, mas era o combinado.

Pois imagine se de repente a emprescrava começasse a ficar assanhada. E os patrões, completamente passivos. Assim-assim, sem mais nem menos, ela passa a dizer como a casa deve ser organizada, muda a decoração, diz que horas os patrões têm de acordar, pega o orçamento do mês e determina tudo, passa a mandar nos filhos e até faz "Shhhhhh!!!" quando vê televisão. Praticamente uma Berta, do Two And a Half Man, com o agravante de ainda por cima não colocar pra lavar os lençóis espermamente fedidos do Charlie. Pior: de repente, mais que de repente, ela se aumenta mesmo sem aumento do salário do patrão e passa a ganhar mais do que ele!!! Tudo com o patrão só olhando, sem reagir, porque é mais cômodo não fazer nada no dia a dia. Porque, na lógica do Charlie Harper, dá trabalho.

Essa empregada, hoje e sempre, é o padrão dos políticos brasileiros, com suas exceções, e a caminha pronta da democracia puramente representativa, que valida isso de forma sutil, mas incisiva. E o classemediano tradicional pessoa de bem, que chama gente com os mesmos direitos e necessidades cocozistas que ele de povão/mulambo/povinho, mas não se chama assim quando se olha no espelho, é o patrão dessa triste situação. Tudo porque deixou a sua empregada mandar nele. Tudo porque transferiu a ela o exercício do que só cabe a ele. Porque é preciso levantar o traseiro gordo pra exercer. Pior é que nem a falta de tempo serve como justificativa. Não tem tempo pra ver e postar no Facebook e Instragram? Então.

Quem sabe assim os fantasmas do século 20 sejam afastados, e a briga Ronald Reagan x Leonid Brejnev seja percebida como é: completo passado. Porque quem tem que brigar pelos nossos direitos somos nós mesmos, sem deixar de lado os benefícios que a democracia representativa traz e - deixaram de prevalecer - por estar sozinha nessa casa. E isso só pode começar por você.      

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