28 de fevereiro de 2011

A força das massas

"Os verdadeiros tumultos históricos não são aqueles que nos espantam pela grandeza ou violência. As únicas mudanças importantes, aquelas das quais resultam a renovação das civilizações, dão-se nas opiniões, nas concepções e nas crenças (...). 

É com esta citação de "A Psicologia das Massas", indispensável para compreender a natureza irracional dos humanos quando inseridos em grupos coletivos, que registro a grande presença de público - obviamente não pagante - que estava na praia e àtoamente acompanhou o Bloco da Preta...

18 de fevereiro de 2011

Eu sou burguês, mas eu sou sambista - 2011

Eu fico imaginando o trauma de certos artistas globais quando souberam do incêndio da amada Grande Rio. Imagine descobrir que o seu porteiro sempre feliz – mesmo ganhando salário mínimo - está de cama por tifo. Ou aquela catadora de lixo sorridente – apesar de saber que nunca vai ter carteira assinada na vida - se internou com dengue. Ou o simpático flanelinha da esquina - que nunca arranhou o seu carro - teve tétano por conta de um vergalhão de obra. Realmente, a vida desses artistas deve ter mudado.

Foram rios e rios de lágrimas, que inviabilizaram inclusive a visita semanal do personal stylist. Foram noites e noites sem dormir, que resultaram no cancelamento de aparições contratadas em eventos de revistas. Enfim, foi um baque tão grande que trouxe, por segundos, a vontade de estar mais perto da região da Escola, na pitoresca e calorosa Duque de Caxias.

Mas, como é preciso encarar a vida de frente e ver que ela continua, essa vontade passou. E bem rápido, sem dar tempo de chegar sequer na entrada do Rebouças, dando tempo de retornar ao Jardim Botânico, Gávea, Leblon, Ipanema e São Conrado.

E assim, com toda pompa e circunstância, começa mais um carnaval carioca... 

17 de fevereiro de 2011

Apocalipse

"E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens. 

E o número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos milhões; e ouvi o número deles.
E assim vi os cavalos nesta visão; e os que sobre eles cavalgavam tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões; e de suas bocas saía fogo e fumaça e enxofre.

Por estes três foi morta a terça parte dos homens, isto é pelo fogo, pela fumaça, e pelo enxofre, que saíam das suas bocas.

Porque o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas. Porquanto as suas caudas são semelhantes a serpentes, e têm cabeças, e com elas danificam.

E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar." 

E foi assim, com um trecho cuidadosamente selecionado do Apocalipse da Bíblia, que tento descrever, sem a intensidade correspondente, o que presenciei por 5 segundos, ao ver Preta Gil e seu bloco no Big Brother...

O peido que cai na conta do gordo

Platão criou o mito da caverna para falar do ser humano. Hanna Arendt usou a cebola para mostrar o que é o mundo. E eu, reles 1/190.000.000 desse banzé caramuru, o que poderia usar para definir o que é o brasileiro? Muito simples: o peido que cai na conta do gordo.
Esse exemplo não veio do nada. Ele começa na infância de cada um de nós, porque todos já viram o gordo da turma levar a culpa por qualquer fedentina que surgisse na sala. Mas eu, num gesto execrável, mais fétido ainda, fiz pior. Explico.

No tempo de faculdade, eu levava mais de meia hora pra chegar lá, num ônibus que ia de Santa Rosa ao Ingá cruzando toda Icaraí. E uma vez, a coisa apertou. Quando não sabia mais o que fazer, vislumbrei mais à frente um gordo, que estava em pé no corredor. Na hora, fui torpe e irresponsável. Levantei do assento, cheguei ao seu lado, esperei uns dois minutos e disparei. Inevitavelmente, todos olharam feio para o pobre obeso. E ele, provavelmente com traumas anteriores, ficou abatido. Um pouco indignado, mas acima de tudo abatido.

Pois o brasileiro é exatamente isso. É um irresponsável e imaturo que não tem coragem de assumir o que deve fazer. Acha que os outros é que devem conduzir o seu destino e consertar seus erros. Como quando joga a culpa de tudo nos políticos que elege. Ou enxerga a máquina estatal como algo separado da população, e não como parte dela. Ou, pior ainda, quando acha que o estado atual deve ser motor da economia da nação, sem saber que a maioria massacrante dos governos - se não todos - são meros fantoches do grande capital. E, rimando, eventualmente dão esmolas pra não ficar mal.

É isso. Um dia, mais novo e menos consciente, eu joguei a conta do peido no gordo. E tenho certeza que, se menos brasileiros fizerem isso, o nosso país vai começar a melhorar de verdade. E de quebra, ouviremos muito menos "Quem, eu?"

4 de fevereiro de 2011

Eleitor de Romário

Essa foi contada no meu trabalho, impossível de não postar.

Num hospital público, cenário perfeito pra locação de filme de guerra, um funcionário chega na fila e pergunta em voz alta: - Por favor, quem aqui votou no Romário? 

Uns 10 levantam a mão. Em seguida, ele diz: - Por favor, vocês aqui, direto pro final...