30 de janeiro de 2008

Comentaristas de laptop - a série

Esta série, imagino que será muito mais profílica do que a do O sonho de __ era ser __. Porque futebol, qualquer um pode falar, até eu. E pior, tem gente que é paga por isso.

O comentário de laptop que abre a série conseguiu superar a maioria que já ouvi e li. Dias atrás, um comentarista com nome de tubos e conexões tirou essa de seu laptop: a posição de Edmundo, atualmente, deveria ser segundo cabeça-de-área. Sim, foi assim.

Imaginem vocês Edmundo saindo com a bola da defesa e, na volta, marcar avanço de lateral. É, foi isso que saiu. O argumento é que ele não tem a velocidade e força de outros tempos. Puxa... Descobriu a pólvora. Quando li não acreditei: Edmundo de cabeça-de-área. Nem vou me estender.

E se algum deles pesquisar pelos arquivos de seus laptops um atacante que tenha virado cabeça-de-área, já adianto um: Rincón. Só que Rincón não é Edmundo. Rincón começou como atacante, passou para a ponta-de-lança, depois para terceiro homem, para daí ser o cabeça-de-área que arrebentou no Corínthians. Mas isso foi ao longo dos anos.

E mais: apesar de Edmundo ter uma força física excelente, não dá pra comparar com Rincón, que poderia perfeitamente ser um estivador, leão de chácara ou capataz do Sr. Pedregulho.

Fecha o laptop.

29 de janeiro de 2008

Blocos não de carnaval

Bloco no Rio é um negócio do cacete. Não há aquela escrotidão de área vip, abadá e sambas patrocinados, que são constrangedores e invadiram as escolas de samba. Não costuma sair briga nos médios e nos menores, muitas pessoas vão fantasiadas, até a chegação costuma ser mais civilizada. Não se vêem ganchos de braços para arrancar beijos forçados. Percebe-se uma espontaneidade de quem está ali para ouvir a música, pular e, junto a isso, mas não acima disso, se arrumar.
Se já existe uma indústria em torno dos blocos, não chegou ao ponto de transformar em algo próximo a Salvador. Ainda bem.

Enquanto isso, em Niterói, a maioria dos blocos - que se multiplicaram nesse ano - existe para exibir faixa com nome de vereador. Sorry, Sucupira.

26 de janeiro de 2008

Radiohead

Uma vez, parei pra ouvir umas músicas dessa banda. E concluí que a maioria delas deveria se chamar "O meu bofe me deixou."

24 de janeiro de 2008

Ibson e Joel

Vamos começar pela melhor parte. Ibson é a salvação. Não é como Obina, que não tem explicação, que simplesmente é e ponto. Mas Ibson, junto com Fábio Luciano, chegou para nos salvar.

De sua chegada até o final do Brasileiro de 2006, o time melhorou absurdamente. Ele saiu do Flamengo como um cara bola, mas que conduzia excessivamente em vários momentos. Agora não. Conduz no tempo certo, marca, arma, gira pelo campo todo, confunde a marcação por isso, e contagia o resto do time até por constranger quem não corre. Afinal, se o cara chega jogando pra cacete e corre muito, porque os outros ficariam com as mãos nas cadeiras? Roger que o diga. Pois é a esse cara quem devemos louvar. Junto com Obina, é claro.

Quanto a Joel, meu Deus. Dizem que é um psicólogo de jogador de futebol. Que bom. Deve ser bom. Mas daí para dizerem que o Flamengo se levantou sob a sua batuta, é foda. Nas minha férias, vi um programa na Sportv que me deixou estarrecido. Eram ele e Bernadinho sendo entrevistados para falar de vitórias, competência e liderança.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Bernardinho ao lado de Joel??? Esses caras do canal ficaram loucos ou estão se divertindo às custas de quem paga a assinatura da tevê. Pois ali, ao lado do maior treinador de esportes coletivos do mundo, estava o mesmo cara que, um dia, numa decisão de estadual contra o Vasco, tirou Maurinho do banco para colocá-lo como terceiro homem de meio-campo. E ali, antes de fazer a substituição, disse: "- Vai lá e mostra o seu futebol." Não preciso contar o resto.

23 de janeiro de 2008

Privilégio de quem pega barca

Qualquer um sabe que exemplos de falta de educação proliferam à vontade. Mas um é privilégio de quem pega barca.

Muitas vezes, vejo pessoas de todos os tipos colocando suas bolsas e mochilas na cadeira ao lado, antes de a barca zarpar. Ou seja, elas ocupam esses lugares como se seus objetos tivessem vida, alma, RG ou tivessem sido citadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em um dia de barca lotada, já vi o absurdo de um idoso - que provavelmente não enxergava bem -passar bem em frente de uma cadeira ocupada por mochila, e o infeliz do dono não desocupá-la por iniciativa própria. Deu vontade de jogá-lo para os tubarões, embora nenhum deles se arrisque no esgoto que virou a baía.

Se a ocupação de dois lugares ocorresse depois de a barca zarpar, quando todos estão acomodados, tudo bem. Mas antes é o fim do mundo.

21 de janeiro de 2008

O sonho de ___ era ser ___ - parte 5

O sonho do Julio Bressane era ser o Godard.

O sonho do Serjão Loroza era ser o Tim Maia e o Tony Tornado juntos.

O sonho do Pato Fu era ser os Mutantes.

O sonho do Creed era ser o Pearl Jam.

O sonho do André Marques era ser o Faustão.

O sonho do Marcelo Camelo era ser o Chico Buarque e o Bob Dylan. Juntos.

Inté.

Era o que faltava: futebol com angústias existenciais

Acredita que em Brasília fundaram um time de futebol chamado Legião, em homenagem ao Legião Urbana? E que em 3 anos de existência ele já está na primeira divisão de lá? E que a torcida desse time se parece com aquelas que usam camisa do Banco do Brasil em jogos de vôlei? Ou seja, é torcida de tudo, menos de futebol.

Futebol é o refúgio de muitas coisas que os homens não podem fazer sem ouvir uma esposa ou namorada enchendo o saco. Quando joga futebol, você fica à vontade para, em pleno gramado ou campo de terra batida, cuspir do fundo do peito e não do coração. Você pode coçar o saco sossegado, xingar à vontade e todo mundo à sua volta vai achar isso normal.

E o principal: um garoto pode jogar futebol se inspirando no Zico, Rondinelli, Charles Guerreiro, Ibson, até mesmo Obina. Só não pode se inspirar em um frágil roqueiro que se indigna melancolicamente com as mazelas do mundo pós-moderno. Imagine a cena: os jogadores entram em campo, mas em volta dele há um jardim florido inspirado no clip "Perfeição". Não rola.

19 de janeiro de 2008

O sonho de ___ era ser ___ parte 4

O sonho do Dudu Nobre era ser o Zeca Pagodinho.

O sonho do José Trajano era ser o João Saldanha.

O sonho do Casseta e Planeta era ser o Monty Python.

O sonho do Ed Motta era ser o Miles Davis.

O sonho do Diogo Mainardi era ser o Paulo Francis.


Obrigado pela contribuição, Tici. Elas serão sempre bem-vindas.

18 de janeiro de 2008

Preparatórios para o carnaval

Já começou uma das maiores cretinices que se pode fazer em tevê: as matérias sobre os preparativos para os desfiles na Sapucaí.
Pelo que consta, a vida num barracão é um inferno. Barulho, poeira, correria, calor infernal. Mas em todas as reportagens haverá um grupo num canto, composto de passistas, porta-bandeiras, mestres-salas, uma parte da bateria e o puxador, para fazer um mini-show ao final da matéria, sempre com o repórter saindo do quadro.
Isso poderá ser às 3 da manhã, 3 da tarde, com 50 ou 70 graus, mas todos estarão frenéticos, com sorrisos de Curinga, como se tivessem sido ligados por uma tomada.
Mais forçação, só as matérias sobre as colônias estrangeiras que se reúnem para torcer na Copa do Mundo, que cantam e dançam músicas tipicas sempre 1 segundo após o cameraman avisar.

17 de janeiro de 2008

O sonho de ___ era ser ___ - parte 3

Mais um pouco:

O sonho do Jota Quest era ser o Jamiroquai.

O sonho do Renato Russo era ser o Morrisey.

O sonho do Skank era ser o Paralamas.

O sonho do Paralamas era ser o The Police.

O sonho da Winona Rider era ser a Audrey Hepburn.


Uma hora vai faltar. Té mais.

16 de janeiro de 2008

O sonho de ___ era ser ___ - parte 2

Seguindo:

O sonho do Wanderley Luxemburgo era ser o Rinus Michels.

O sonho do Arnaldo Antunes era ser o David Byrne.

O sonho do Aécio Neves era ser o John Kennedy.

O sonho do Bruno Mazzeo era ser o Jerry Seinfeld.

O sonho da Cláudia Raia era ser a Lisa Minelli.

O sonho do Carlos Vereza era ser o John Malkovich.

O sonho da Marta Suplicy era ser a Hillary Clinton.

Inté.

Ih, tropecei em um bamba do samba

Tente dar uma volta pela Lapa à noite. A cada 5 passos você tropeça em um. Se entrar em uma casa de samba então, tem mais bamba do samba do que platéia. Em ensaios nas quadras, tem mais do que gente. É impressionante como tem bamba do samba pra tudo quanto é lado. Agora, todo mundo é um.

Normalmente, em qualquer atividade os melhores são exceção, resultado de uma seleção em que ficam poucos. Mas com a revalorização do samba, eles se multiplicaram sem critério algum. E pior: acreditaram nisso, desfilando uma marra pela noite que só se vê nos pseudo-gênios da MPB/POP mais recente.

Com isso, razoáveis músicos viraram craques e os bons viraram gênios. E grande parte da platéia acredita nisso. Parece ser o mesmo caso dos torcedores recentes que acham o Kaká um gênio, unicamente porque não viram Zico, Maradona, Reinaldo Rei, Platini, Leandro e Falcão jogarem.

No fim das contas, dá-lhe negão de chapéu panamá com mais de 50 anos pegando gatinha com menos de 25 vestida de santa teresense...

15 de janeiro de 2008

Inclinadas em fotos - pra quê?

Não vai ser aqui que vou escrever sobre questões profundas. Imagino o dia em que abro o blog e constato que a postagem poderia estar na coluna do Paulo Coelho. Tô fora. Se o risco existe, nem quero correr. Se ainda ganhasse algum faz-me-rir... Por isso, escrevo sobre esta pequena praga a que dou o nome de "Inclinadas em Foto".

Saca as fotos em grupo? Sabia que em 99,9% dos casos é perfeitamente possível que ninguém incline e apareçam todos, numa boa? Pois agora parece que inclinar em foto entrou no incosciente coletivo. Junto grupo, inclinou. Nem perguntam se cabe ou não. E dá-lhe espaço para os lados, tornando as fotos num desastre estético. Pior é que quem não bebeu - ou bebeu pouco -nos churrascos, acaba ficando com cara de quem tomou até o álcool pra acender a churrasqueira. Antes tivessem tomado uma porranca da grossa pra sair naquela pose.

14 de janeiro de 2008

O sonho de____era ser____

Foi há um punhado de anos, e acho que era semana de véspera do show do Rush, que não fui. Estava na casa do Rodrigão com Gustavo, Igor, Dudu e Yuri. E isso, pelo menos pra mim, era um reencontro, porque tinha perdido contato com eles. De repente, surgiu o assunto "O sonho de fulano era ser Beltrano." Rapidinho, vomitamos muita coisa. Claro que não lembro de 10% do que saiu, mas ficou do cacete, isso lembro bem.

Pra mim, essa lista é interminável. Em muitos casos, serve pra botar certas pessoas em seus devidos lugares. Em outros, os citados nem devem se dar conta, numa perspectiva bem otimista do ser humano.

Bem, vou colocar alguns, pouco a pouco. Muitos vão ser óbvios, outros datados, outros de repente nada a ver. Por isso, aceito e peço sugestões, ajustes e correções. Lá vai:

1 - O sonho do José Wilker era ser o Jack Nicholson.

2 - O sonho do Ira! era ser o The Who.

3 - O sonho do Francisco Cuoco era ser o Chalton Heston.

4 - O sonho da Tônia Carrero era ser a Katherine Hepburn.

5 - O sonho do Zeca Baleiro era ser o Caetano Veloso.

6 - O sonho do Jô Soares era ser o David Letterman.

7 - O sonho do Legião Urbana era ser o The Smiths.

Depois coloco mais.

5 de janeiro de 2008

Comentaristas de laptop

De novo futebol. Foda-se, depois falo de outras coisas, porque já, já esta praga estará assaltando os jogos de futebol pela tevê: os comentaristas de laptop. Essa expressão me veio em um jogo que assisti pela Bandeirantes. Silvio Luís estava narrando, quando o emperucado Mauro Betting começou a comentar com milhares de dados, a maioria inúteis para quem gosta de futebol. E quando ele terminou, Silvio Luís mandou: "- Esse foi Mauro Betting e o seu laptop!!!" Caí na gargalhada.

Antes, os comentaristas eram ex-jogadores e alguns jornalistas que simplesmente falavam, sem querer parecer grandes doutores. Era como numa roda entre amigos, mais simples e divertido. Embora fosse impossível concordar com todos, não existia a empáfia de quem se apresenta como um doutorando no assunto, baseando-se em dados estatísticos e esquemáticas de pranchetas. Existiam os marrentos, os antipáticos, os bairristas, os burros mesmo. E existem até hoje, alguns já velhinhos. Mas eles não tinham o maldito do laptop, que dá a base científica para o desfile de obviedades e imbecilidades da atualidade.
Bem, pelos dados, há dois anos o gnu do Da Silva foi o jogador que mais acertou passes no Brasileirão. E daí? Foram passes para os lados, sempre telegrafados, irritantes. Mas eram corretos. E nem por isso deixou de ser um gnu, e pior: pelo Flamengo.

Vejo o que se apresenta hoje e dá nojo de quase tudo. Os comentaristas dos canais por assinatura, os do Lance, os mais novos e a pose de todos. Enfim, na dúvida, o negócio é lembrar que futebol é diversão. E nessas horas, tiro o som da tevê e coloco na Globo AM pra ouvir o Gérson. Brincadeira.

3 de janeiro de 2008

Verão só é bom pra guerreiragem

Como pode alguém gostar do verão? Se uma pessoa gosta de sol, praia, bares ao ar livre e carnaval, ela deveria gostar da primavera ou do outono. Nessas estações, podemos curtir isso tudo em qualquer hora do dia, com temperaturas agradavelmente quentes.
Sem calor insuportável, roupa grudando no corpo ou escalas obrigatórias em bancos e shoppings ao andar pela rua, pela necessidade extrema do ar refrigerado. A vantagem do verão, inegável, é para quem está solteiro. Porque no Rio, não existe época melhor. O calor faz com que a libido aumente e, com isso, a rotatividade. É uma festa. Até cachorro de madame fica sem dono.
Justiça. Leandro, pra situar quem não viu. Sabe o Zidane? Imagine ele de lateral-direito...

O porquê do nome

Não é um blog sobre futebol. Mas foi inevitável, porque não existiu nada melhor do que Andrade, Adílio e Zico. Eram como um só, formando um bloco coerente, coeso, harmônico. Eram tão completos porque tinham a objetividade genial de Zico, a firula produtiva de Adílio e a simplicidade categórica de Andrade. Enfim, trouxeram felicidade para milhões, como nenhum cantor, estrela de cinema, ensaio da Playboy ou atriz pornô já pôde trazer.