11 de janeiro de 2013

Palavras Onde Faltam Ideias - 11

Outsourcing - A patroa já não é a mesma e o marido acha que é, ou o contrário. Aí, sem rodeios, não querendo perder tempo na vida, o que muitos fazem? Outsourcing marital. Acho que dá pra entender, com essas palavras, que é a obtenção de mão-de-obra externa para aproveitar o conhecimento especializado de outras organizações...

Retrenchment - No corporativês, é a redução da estrutura organizacional de uma empresa para salvar ativos financeiros ou reduzir dos gastos, com o objetivo de a organização tornar-se financeiramente estável. No popular, é quando os caras administaram que nem marido velho que perde a cabeça com amante novinha e gostosa, ou porque desviaram mais do que deveriam. Aí, quem paga o pato é...

Helicopter view Só aqui, entre quem obedece porque tem juízo, pare e imagine um comentarista de futebol sporteveano, com suas típicas colocações que falam tudo de nada e nada de tudo, e com pose de gato mestre. Ou seja, é uma visão geral do negócio, mas sem muito aprofundamento.
 
Organic growth - É a expansão de um negócio obtida pelo aumento das vendas, em oposição às operações de concentração como fusões e aquisições. O organic growth também exclui o impacto de alterações cambiais. Bem... Quando Antônio Ermírio de Moraes era pequeno lá em Barbacena, a explicação para o crescimento de uma empresa não precisava de rapapés. Os motivos eram sempre o aumento das vendas ou da produtividade. Aí veio a pósmodernidade espetaculativa virtual, e o que era o principal – o trabalho – acabou virando secundário. A ponto de ganhar um blablatermo em inglês, como se fosse grande novidade...

2 de janeiro de 2013

Eu estava lá e a pós-modernidade

Eu estava lá no Maracanã quando Zico ganhou o seu último título brasileiro e Andrade teve, enfim, o seu campeonato como protagonista.

Eu estava lá no último grande comício da campanha Collor x Lula, com 1 milhão de pessoas que foram sem ônibus fretado de prefeitura do interior ou ponto facultativo pra ajudar.

Eu estava lá em frente à tevê, pequetitinhoinho, quando passou a despedida do Pelé, um Santos x Cosmos, em 77. Pra você vê o que esse cara fez, porque dessa época eu não lembro de mais porra nenhuma.

Eu estava lá, também em frente à tevê, quando ao vivo Silvio Santos caiu num tanque de água, ao quebrar uma tábua em que estava sentado. Nem quando a calça caiu foi igual.

Eu estava lá quando o grande J. Ricardo, recordista mundial de vitórias no turfe, ganhou o seu primeiro Grande Prêmio Brasil. Após anos batendo na trave, foi uma catarse do público e do Pelé desse esporte.

Eu estava lá no histórico show de Tom Jobim no Arpoador, pouco antes de ele partir. Se Fred Mercury impressionou ao reger milhares com Love of my Life, o maestro o fez em um show inteiro. E como se estivesse na sala dele, tomando uísque entre amigos.

Eu também estava lá no Municipal quando Gerald Thomas mostrou – merecidamente - a bunda para os emborolados cultuadores/pseudo donos da obra de Wagner que o xingavam. Como só contar vitória é para os fracos, eu tinha que incluir essa. Afinal, acabei vendo a bunda do Gerald Thomas. Total baixo astral.

Mas o que importa é que Eu Estava Lá é um conceito muito forte e feliz, que dá uma excelente noção walterbenjaminiana do valor de presenciarmos os eventos únicos, até mesmo com uma aberturazinha para a opção via satélite.

Mas como a pós-modernidade está aí, é isso mesmo e o mundo está acabando, uma marca de birita veio e lançou há um tempinho uma campanha com o Eu Estava Lá. Para ilustrá-la, um locutor que fala igual ao Marcos Mion - o Sérgio Mallandro com verniz MTV - narra um bando de neo bobos alegres descendo uma pequena ladeira perfeitamente gramada, sob uma lonazinha azul molhada, com os bracinhos trepidantes para o alto.

Diante de toda monumentalidade dessa cena, até eu me perguntei: como não estive lá?