30 de dezembro de 2009

Cha cha cha, minha secretááária...

Se a Comissão da Verdade, criada para investigar os crimes da ditadura, não for adiante, o governo federal vai ter de distribuir camisas floridas e maracas para a população ficar dançando rumba e cha cha cha nas ruas, pois é só o que falta para chamar esse país de republiqueta de filme classe Z de Hollywood.

2010

Em uma agência de propaganda que trabalhei, certa vez apareceu um indicado de cliente. Era um empregado deles, de apresentação mais modesta, que ia abrir uma lanchonete em São Gonçalo para sua esposa tomar conta. Usei “tomar conta” porque, se fosse uma consultoria do sobrinho do diretor, acabaria sendo “gerenciar”. Enfim, o importante é que o cara queria fazer panfletinhos.

Na hora, o diretor de arte em questão esbravejou. Afinal, que merda ter de fazer um material daqueles... O que ele não percebeu é que, naquele modesto material frente-verso-duas cores, estava o resumo do que o Brasil precisa fazer, e melhor ainda se começar em 2010, pelo menos na minha opinião.

Com um panfletinho bem feito e distribuído, ele pode comunicar e instigar mais pessoas a irem à lanchonete. E se forem muitas mesmo, ao invés de um cozinheiro sendo empregado, poderiam ser dois. E mais uma faxineira, talvez duas atendentes, desta forma gerando riqueza, consumo e aumento de bem-estar. Não só para eles, mas toda sociedade, que por ser interligada, precisa funcionar como uma fileira de dominó ao contrário, que levanta em cascata ao invéz de cair.

É isso que desejo para 2010: solidariedade em todos os sentidos, especialmente no de coletividade, consequência dos atos e visão de país. Isso pode ser feito não somente ao se enviar doações a desabrigados ou orfanatos globais, ou mesmo por políticos mais sérios. Pode acontecer no nosso dia-a-dia, em tudo que fazemos, seja no trabalho, na rua, em casa, em qualquer lugar.

E um feliz ano novo para você.

Reveillonzão

Ed Motta já declarou que não queria ter nascido no Brasil, e sim na França. Ele fez questão de dizer que detesta futebol, feijoada, e ainda acha que os torcedores durante a Copa do Mundo são uns cafonas, pois deveriam estar lendo bons livros, ao invés de perder tempo soltando rojões.

Já que ele acha isso tudo, e esse é um direito a ser exercido, sugiro que a população exerça outro, na hora do show dele no Reveillon de Copa: o de vaiar, e muito, pois esse é um caso evidente de artista que não se identifica em nada com a plateia.

Aliás, se ele é tão sofisticado assim, porque não foi fazer show em Paris, Milão ou Nova Iorque? No fim das contas, acabou constando na mesma folha de pagamento em que aparece o Dicró, que provavelmente vai fazer um dos shows mais engraçados do ano, no Reveillon da Ilha. E se pensarmos bem, o que é melhor a ser feito em uma festa, além de rir? Beber? Até nisso Dicró é melhor, porque ele bebe muito além do que proporcionam poucas garrafas de vinho do interior da França...

Reveillonzinho

Os neopósmodernossegundocadernenses devem estar aliviados.

Um quiosque da Lagoa organizou sua festa com o Bailinho. Ufa. Ainda bem. Em que outro lugar poderia-se passar o Reveillon, sem esse diferencial estiloso-cultural-musical? Só se ele tiver um DJ israelense de plantão – sempre tem um, pode reparar - com suas incríveis remixagens de... de... bota qualquer nome sem sentido em inglês que serve. Aí sim, é um caso a pensar.

Detalhe da foto: a cada mega treat que passa, a riqueza melódica da música eletrônica me emociona mais...

23 de dezembro de 2009

O melhor presente de Natal

Se você é ateu, certamente acredita na força da mente. Se crê em Deus, provavelmente sabe do poder da oração. Essas duas manifestações, mais do que válidas, de certa forma têm um princípio em comum: elas se originam do ser humano. Não é possível comprá-las num shopping, loja de rua ou até mesmo no Saara, onde se acha até urânio enriquecido.

Por isso, deixo aqui uma sugestão para o Natal: ao dar meia-noite, experimente não correr para abrir presentes após os cumprimentos. Antes, faça uma breve oração ou mentalização, desejando coisas boas, seja em grupo ou individualmente. É a hora perfeita para deixar esse desespero consumista de lado e lembrar que os motivos originais da festa - desprendimento, congraçamento, espírito coletivo, em resumo amor - são imateriais e só se concretizam se vierem de nós. Crendo em Deus ou não.

E feliz Natal pra você.

Detalhe da foto: precisamos deixar o materialismo de lado. Na hora de desembrulhar os presentes, não esqueça que o melhor deles é a beleza que vem do ser humano...

18 de dezembro de 2009

Vade Retro

Por uns dois dias, convivi com a certeza de que Joel voltaria à Gávea...

17 de dezembro de 2009

Serra e Aécio

Eu, sinceramente, achava que o Hugh Hefner da política nacional não desistiria assim tão fácil.

Mas Serra deve ter um poder sobrenatural para derrotar assim, sem muito esforço, quase como num encanto, um pré-candidato repleto de atrativos para a mídia, a mulherada e, é claro, o povo do marketing...

14 de dezembro de 2009

Apocalipse

Eduardo de Pai pra Sérgio Cabral Filho, Lindbleargh Farias e o Abominável Rodrigo Neves.

Esse elenco faz parte do se apresenta como a alternativa mais moderna a Wagner Montes, Zito, Garotinho e Crivella, na atual política fluminense.

Como eu venho dizendo há tempos, o mundo está acabando.

11 de dezembro de 2009

O aplique do Richarlyson

Eu acho que o Lêla comemorava gol daquele jeito porque sabia o filho que ia ter...

9 de dezembro de 2009

Vai deixar saudades

Edney Silvestre é um jornalista singular. Sua trajetória começou na revista O Cruzeiro e, segundo meu pai, que é desse tempo, já nessa época ele se destacava pelo excelente texto, pela competência como repórter e por ser uma pessoa educada e refinada.

Mais tarde, durante anos foi correspondente da TV Globo em Nova Iorque e o primeiro jornalista brasileiro a aparecer no World Trade Center, no dia da queda, entre outros acontecimentos de grande impacto na mídia. Na Globonews, criou o programa Milenuim, um dos poucos que trazem conteúdos realmente relevantes, com uma profundidade muito acima do que se vê na televisão. E hoje, com seu estilo calmo e elegante, conduz o consistente Espaço Aberto Literário.

Ok. Muito bom. Bem legal. Mas pra eu me embucetar de rir, Alborguetti era o maioral...

Miss Simpatia

Depois da festa de premiação da CBF, um amigo tricolor fez uma reclamação comigo. Ele disse que o prêmio de melhor torcida seria, em princípio, para a do Fluminense. Mas nos bastidores, os organizadores souberam que o de melhor jogador não seria para Petckovic, por isso mudaram em cima da hora, com o propósito de valorizar o Flamengo.

Nem pensei muito e cheguei à seguinte conclusão: fora o título, o que são as outras premiações? É tudo Miss Simpatia. Efetivamente não é porra nenhuma.

Podem ficar com esse trofeuzinho, desfilar com maiô Catalina e tudo mais. Porque o Flamengo é o campeão. E o resto é o resto.

7 de dezembro de 2009

Eu sou burguês, mas eu sou flamenguista

Tudo bem que O Globo seja mais voltado para as classes A e B. Mas, acima de qualquer coisa, é preciso bom senso e um pouco menos de viadagem.

No seu ótimo suplemento sobre o Hexa do Flamengo, foram colocadas no alto das páginas pequenas declarações de torcedores, famosos ou não, sobre o time. E, inacreditavelmente, estavam lá as geeneteanas Carolina Dieckman e Maria Paula, ao invés de Jorge Ben e Neguinho da Beija-Flor, flamenguistas históricos. Ou, ainda, um faxineiro ou motoboy, representantes típicos da torcida.

Essas duas, só consigo imaginá-las vendo o jogo num telão montado no Celeiro, saboreando saladinhas chiques, ouvindo o hino numa versão do Lenine e, é claro, brindando o título com prosecco. Era mais fácil levar suas camisas pra pintar as listras de verde, branco e grená.

Detalhe da foto: quando Falcão, o comentarista mais elegante do Brasil, disse que o time estava comendo a grama, o povo gente boa achou o máximo do máximo da expressividade popular. Aí, como são burgueses mas são artistas, resolveram fazer o mesmo...

O gol certo, na hora certa, do cara certo

Ninguém mais poderia fazer o gol do título. Ronaldo Angelim é um desses jogadores que não existem mais. Quando garoto, cheguei a ver alguns assim.

Ele só tem um carro - e é um Corsa - porque não vê necessidade de ter dois, e de luxo. Sua esposa o pega na volta dos jogos, na Gávea, o que significa que ele não vai direto pra alguma boate na Barra ou Via Show. É sensato, dedicado, não dá entrevistas pedantes e é sincero. A entrevista na saída do jogo contra o Goiás é uma amostra disso. Enfim, não tem nada de jogador babacão.

Aproveitem bastante pra ver, porque essa espécie está em extinção.

Copa do Mundo é o cacete! Viva o campeonato nacional!

Nem sei mais pra quê torcer durante a Copa do Mundo. Hexa, o Flamengo já é. O resto é seleção brasileira, ASA de Arapiraca, Fluminense, Botafogo, Itumbiara, São Paulo, Inter, Cruzeiro...

2 de dezembro de 2009

Só quando tenho certeza

O que um jornalista esportivo, um jornalista econômico e um jornalista político têm em comum? A mesma profissão, variando de especialidade? Não. É o erro de português.

Já escrevi sobre isso antes, mas me prendi a um comentário sobre a Rita Cadillac. O fato é que um jornalista só é esportivo se costuma praticar esportes. O econômico, se tiver o hábito de pechinchar, e o último, se for eleito para um cargo no Congresso e afins. Parece sacanagem, mas não é. Nenhum desses aparentes adjetivos poderiam ser usados assim. Porque, na verdade, são respectivamente, "de esporte", "de economia" e "de política". Basta ver quem é agente e paciente na expressão para comprovar. Exemplo: em jornalista da economia, esta locução adjetiva não se refere ao jornalista, e sim o contrário. É só ver isso no que for surgindo pra não ficar errando a língua pátria.

Mas não é ruim cometer erros como esses, principalmente porque não são corrigidos nas escolas. Mas é ruim quando isso acaba sendo legitimado pelos quem têm o compromisso de escrever com correção, e se tornam referência para o público em geral: jornalistas, cientistas políticos, até mesmo publicitários. Enfim, essa turma toda que adora falar sobre tudo. Além do mais, não se prender a formalismos é uma coisa, outra é escrever errado.

Experimente prestar atenção nisso. Fique ligado nos jornais e programas de entrevista. Crise econômica, universo profissional, desastre ecológico, indústria cultural, é uma festa só. E antes de pensar que tô dando uma de sabichão, na verdade eu tô é passando a bola. Porque até o professor me ensinar, eu só abria a boca quando tinha certeza...