27 de abril de 2011

Comida Di Buteco ou Eu sou burguês mas eu sou botequista

Algum dos concorrentes desse fudevú de caçarolê tem TV passando show de forró 24h por dia ou pôster de gostosa de cervejaria?

Algum abre às sete da manhã, já com os fregueses tomando seu melzinho da saúde?

Algum serve qualquer prato que não custe o mesmo de um restaurante, e dos caros?

Então todos podem participar do Comida Di Buteco. Mas o de botequim, nenhum...

26 de abril de 2011

A cova de Lázaro

Quem me conhece sabe o quanto exalto Mestre Bud Spencer. Quem o acompanhou, um mínimo que seja, sabe que seu comportamento não deu espaço para frescuras ou boiolagens pós-modernas, incluindo as gaveanas, as intelectofashions ou pseudolapenses. No mínimo, sobraria um belo de um telefone na orelha desse povo.

No entanto, passei a temer pela integridade de seu extenso e coerente currículo, mesmo em sua merecida aposentadoria, com mais de 80 anos.

Vai que Bud participa da atual novela das oito, e mesmo ele não resista à interminável beleza e irresistível charme de Lázaro Ramos...

25 de abril de 2011

Escolhido de Deus

Imagine se, em pleno século 21, um maluco chegasse pra você dizendo que é escolhido de Deus, acima de todos, para reinar enquanto viver. Tipo o cidadão daí de cima.

Qualquer um botaria pra correr a pontapés. Os mais caridosos chamariam uma ambulância do Pinel. Mas, pasme, muita gente acha natural e até linda essa folga toda. Na verdade, esse sujeito é um rei, de qualquer nação que seja. Isso acontece porque, pelo fundamento da monarquia, o rei e seus descendentes foram escolhidos por Deus para tal função. E, fato histórico comprovado, em qualquer lugar que seja a monarquia surgiu em circunstâncias que envolveram arranjos entre poderosos da época.

Enquanto isso, esses casamentos reais acontecem e bilhões de bobos prestigiam, achando a maior graça. E os nobres co-filhos de Deus riem mais ainda...

19 de abril de 2011

Adriano

Agora ninguém vai poder dizer que o calcanhar de Aquiles de Adriano é a bebida.

É treinar...

18 de abril de 2011

Os Vingadores pós modernos

Qual é a chance de o CQC - que posam de vingadores da pós-modernidade - fazer uma matéria que investigue irregularidades ou abusos de seus patrocinadores, e assim perder a bolada? 

A mesma de o Galvão Bueno apresentar denúncias de corrupção da CBF no Bem, Amigos.

Porque Aécio Never não colocou a boca no bafômetro

Charuto cubano, uísque escocês, vinho francês e vagina com menos de trinta.

Vamos ser justos: se você fosse o Aécio Never, colocaria a boca em mais outra coisa além disso?

16 de abril de 2011

Brasileiros e brasileiras

Nasce um otário por minuto. Ouvi esse ditado americano em alguns filmes antigos, quando garoto. Levando-se em conta que mais pessoas nascem hoje do que há 50 anos, imagino que esse ditado deveria ser adaptado para 30 segundos. Ou seja, nasce um otário por meio minuto.

Pois bem. Tomando isso como princípio, quantos segundos levam para nascer um otário no Brasil? Cinco? Três? Um? Pelo comportamento que o brasileiro tem em relação aos preços, deve ser por aí, sem nenhuma autodepreciação. Isto, baseando-se em matérias que vêm pipocando sobre os preços aqui, em relação a países desenvolvidos. Para surpresa geral, todos vêm descobrindo que tudo aqui é muito mais caro, mesmo que os salários sejam bem menores. E ainda que diminuíssem os malfadados impostos, até bala Juquinha continuaria custando os olhos do cu. Porque os da cara estão na Europa.

E isso acontece, sem dúvidas, porque esse é o país dos otários. As pessoas sabem que as coisas são abusivamente caras e compram mesmo assim, como se fosse normal ser roubado. Seja pela ânsia de ser chique, por se sentir especial ou incluído na sociedade, por não se juntarem para protestar, por vários motivos – todos patéticos.

Outro dia ouvi um economista dizer que os preços são uma escolha do consumidor. Se está caro, negocie. Se não há negociação, não compre. Ou faça como os trabalhadores semiescravizados do interior: comprem dez vezes mais caro na venda da fazenda. Só que eles sofrem ameaças de tomar bala de um jagunço se fizerem isso em outro lugar. Com o restante do país, não. Ocorre unicamente porque deixamos e queremos ser assim. Os eternos otários.

10 de abril de 2011

O fim do carnaval

Há pouco tempo, tivemos mais um carnaval. Mas eu afirmo, categoricamente, que não houve porra nenhuma, porque o carnaval acabou.

Essa afirmação pode parecer um purismo de velha guarda radical, para exaltar os tempos dos ranchos na Avenida Rio Branco. Mas não é.

Também pode parecer uma reclamação da péssima qualidade dos sambas enredos dos últimos 30 anos, que estão mais para marcha militar, tamanha aceleração e pobreza de melodias e versos. Mas não é.

O carnaval acabou porque me refiro especificamente aos compromissados, sejam casados, noivos ou namorados firmes. Para este tipo de ser humano, a festa pagã se torna um feriadão que apresenta blocos e bailes em muitas cidades por aí, e nada mais. Ou sossego matrimonial e quilos de comida em locais como Cambuquira, Bariloche, São Tomé das Letras ou Trindade. Porque o que caracteriza o carnaval é ser a festa da carne. O resto vem no pacote, apenas acompanhando.

Em termos práticos, carnaval traz um quê de promiscuidade inevitável. De fato, é a única ocasião em que um solteiro pode abordar uma mulher - e pegá-la - na mesma rua em que costuma passar pra comprar pão. Isso, às três da tarde, pra aumentar a intensidade do extraordinário dessa festa. Se ele fizer isso um dia depois, por exemplo, só terá sucesso se for de Brad Pitt pra cima, e olhe lá. O que, convenhamos, 99,99999% da população masculina não é. Olhando assim, é praticamente um conflito espaço/tempo que existe entre um compromissado e um solteiro. Num bloco, os dois podem estar lado a lado, mas não estão vivendo o mesmo evento. Parece até episódio de Além da Imaginação.

Por isso, se você não é solteiro, nem quero desanimar, mas apenas mostrar a verdade: o carnaval acabou. Você pode gostar de blocos, de bailes, mas não dá pra passar pela rua onde compra pão e chegar numa mulher, em plena três da tarde. Porque isto - e não blocos, escolas de samba ou Suzana Vieira na Sapucaí – é que é carnaval.