17 de fevereiro de 2011

O peido que cai na conta do gordo

Platão criou o mito da caverna para falar do ser humano. Hanna Arendt usou a cebola para mostrar o que é o mundo. E eu, reles 1/190.000.000 desse banzé caramuru, o que poderia usar para definir o que é o brasileiro? Muito simples: o peido que cai na conta do gordo.
Esse exemplo não veio do nada. Ele começa na infância de cada um de nós, porque todos já viram o gordo da turma levar a culpa por qualquer fedentina que surgisse na sala. Mas eu, num gesto execrável, mais fétido ainda, fiz pior. Explico.

No tempo de faculdade, eu levava mais de meia hora pra chegar lá, num ônibus que ia de Santa Rosa ao Ingá cruzando toda Icaraí. E uma vez, a coisa apertou. Quando não sabia mais o que fazer, vislumbrei mais à frente um gordo, que estava em pé no corredor. Na hora, fui torpe e irresponsável. Levantei do assento, cheguei ao seu lado, esperei uns dois minutos e disparei. Inevitavelmente, todos olharam feio para o pobre obeso. E ele, provavelmente com traumas anteriores, ficou abatido. Um pouco indignado, mas acima de tudo abatido.

Pois o brasileiro é exatamente isso. É um irresponsável e imaturo que não tem coragem de assumir o que deve fazer. Acha que os outros é que devem conduzir o seu destino e consertar seus erros. Como quando joga a culpa de tudo nos políticos que elege. Ou enxerga a máquina estatal como algo separado da população, e não como parte dela. Ou, pior ainda, quando acha que o estado atual deve ser motor da economia da nação, sem saber que a maioria massacrante dos governos - se não todos - são meros fantoches do grande capital. E, rimando, eventualmente dão esmolas pra não ficar mal.

É isso. Um dia, mais novo e menos consciente, eu joguei a conta do peido no gordo. E tenho certeza que, se menos brasileiros fizerem isso, o nosso país vai começar a melhorar de verdade. E de quebra, ouviremos muito menos "Quem, eu?"

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