3 de janeiro de 2011

O país Casas Bahia

Em um discurso absolutamente previsível em sua posse, a presidente falou maciçamente sobre os ganhos de renda recentemente obtidos pela população mais pobre. Uma tecla insistentemente batida para definir o que é o tal do “desenvolvimento”, associando-o diretamente ao poder de compra, por mais que fale em educação, saúde ou segurança.

Nessa hora, foi inevitável buscar a Dinamarca como comparação. O que faz esse país ser realmente desenvolvido? Em matéria da revista Época, foi colocado o seu lema nacional, assimilado e cultivado por todos: “Ninguém é melhor do que eu, logo eu não sou melhor do que ninguém.” Traduzindo para a nossa realidade, significa que uma pessoa não precisa de uma tevê LCD ou saber diferenciar os talheres de peixe e carne pra se sentir respeitada pela sociedade. Pela lógica dinamarquesa, cada um vale pelo que é, capitaneado pela conduta moral. E o grande conforto material que todos usufruem é importante sim, mas representa um instrumento para uma boa vida, e não a sua finalidade. Talvez esse seja um dos principais motivos de existir muito menos desigualdade e corrupção nesse exemplo de país.

Você pode encontrar isso em textos de Leonardo Boff, em simpósios sobre sociologia ou nos sermões e palestras das casas religiosas mais esclarecidas. Mas, infelizmente, não achará nos discursos da nossa presidente, que estão mais para textos publicitários das Casas Bahia.

Que Deus nos proteja pelos próximos quatro anos.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial