Palavras onde faltam ideias - 4
Mercado – Não me refiro à definição clássica do marketing ou da economia, que se refere ao conjunto ou a parcela de consumidores, e sim a que aparece na editoria de economia do Jornal da Globo ou no Conta Corrente, da GloboNews. Em verdade, em verdade, essa massa indefinível que povoa o mundo das finanças compõe-se de meia dúzia de empresários e especuladores. E, se algo estiver fora dos trilhos, resolve tudo com dois ou três telefonemas. Isso se apresenta com nomes como incentivos ou renúncias fiscais ou novos impostos que onerem a concorrência.
Reduzir déficit público – Cortar verbas de educação, saúde, saneamento básico, crédito ao pequeno, microempresário ou agricultor, mas sem sequer chegar perto de um combate efetivo à corrupção, verdadeira draga das finanças públicas. Aliás, se o objetivo é arrecadar melhor, por que não regulamentar o imposto sobre grandes fortunas – previsto desde a promulgação da atual Constituição- e que nunca sai do papel?
Jogador contratado para compor elenco – É o mediano pra baixo que um empresário empurrou – poderia perfeitamente ter um recém-juvenil no lugar - pra ver se consegue vender a um time menor em Portugal, Rússia, Bélgica ou do Oriente Médio. Quem sabe, até da Coreia ou Japão. Aí, como em terra de cego quem tem olho é rei, eles vão lá e se dão bem. Não menos que o empresário, é claro.
Jogador que recuperou a alegria de jogar – essa eu vou até dar espaço pra enumerar:
1) é farrista, estava num clube que não é uma bagunça, e foi para outro onde ele pode ser farrista.
2) é farrista num clube farrista, estava com salários atrasados ou com um técnico sério. De repente, passou a receber em dia ou o técnico sério foi mandado embora. Ou os dois, para a alegria de jogar ser ainda maior.
3) farrista que passa a correr porque faltam três meses pra vencer o contrato, e não quer perder a bocada.
Ou seja: mais alguns dos eufemismos para jogador do Flamengo.