10 de setembro de 2009

Escassez

Vou contar uma história de escassez.

Há um bom tempo, pude conhecer um figuraça, que tinha uma lógica própria para pegar mulheres. Coroa, careca, feio e barrigudo, em toda festa que ia, ele chegava somente da quarta pior mulher pra baixo, garantindo que o resultado fosse sempre positivo. Segundo o próprio, em sua condição não importa marcar golaços, mas que os gols saiam, mesmo que de canela.

Mas por que ir na quarta pior, e não direto na pior, já que teoricamente seria ainda mais rápido e seguro? Porque segundo o figuraça, a pior da festa sempre sabe que é a pior da festa. A desafortunada sabe que qualquer um chegará direto nela apenas por comodidade ou, se estiver em grupo, escárnio.

Nessa lógica conformista, chegar na quarta pior torna-se mais inteligente. Se pegar alguma até a segunda pior, tudo bem. E se não pegar, a pior da festa se identificará com ele, pois ela sabe na pele o que é ser rejeitada. Daí para ele encontrar identificação e receptividade, é um pulo. E assim, o coroa, feio, careca e barrigudo nunca saía sozinho de nenhuma festa, marcando o seu golzinho jogo a jogo.

Pois essa história, fruto de um ambiente de escassez, por incrível que pareça acontece onde sempre há fartura. Ou ela não serve para ilustrar quem, sem a menor necessidade, convoca Júlio Batista, Maicon, Gilberto Silva e Elano?

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