26 de agosto de 2009

Chinelada

Ontem, quando vi Eduardo Suplicy mostrando o cartão, falei: "- Agora é fácil reclamar, e ainda fazendo cena. Ficou quietinho até agora..." E falei isso decepcionado, pois dele sempre espero combatividade, coerência e um "ligar o foda-se" tão necessário.

Porém, nessa hora eu estava ao lado do meu pai, que me repreendeu: "- Quem disse isso? Não fale sem saber. Ele não ficou quieto. Foi porque a imprensa não mostrou."

Aí eu me toquei de uma coisa. Meu pai, nos seus quase 80, tem um hábito muito saudável, além de caminhar todo dia bem cedo: ele assiste às TVs Senado e Câmara. Sabe que, se depender da edição dos telejornais, fica mais ignorante que kamikaze perdido em ilha do Pacífico.

Esse hábito, na verdade, não vem de hoje. É uma reedição eletrônica de um outro que as pessoas perderam, por causa da mudança da capital a Brasilia: acompanhar e pressionar o Congresso durante suas sessões. Ele mesmo já viu muitas delas, quando eram no Rio. Nessa época, o quebra pau não ficava somente no plenário, mas também na platéia. Antes era muito mais fácil dar uma de Collor com o próprio Collor. Hoje não. Lá em Brasília, naquele isolamento, é muito complicado. Eu vi isso ao vivo, pois morei lá, ainda que por poucos meses.

Ou seja: a nossa classe política vive uma lógica parecida com a de criança encapetada: se não tiver quem ameace com uma havaiana, fudeu. E tem que ser com a de pau, aquela da internet, porque se for com as outras, vai continuar fazendo merda sem parar...

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