9 de julho de 2008

Ele era fodão

Quando vejo um desses economistas de gabinente, com aquele ar de quem diz "eu poderia estar em Harvard mas estou aqui fazendo o favor de salvar o país pra vocês", dá vontade de trazer Darcy Ribeiro de volta pra colocá-los de volta ao pré-primário.

Darcy Ribeiro, na minha opinião, foi um dos seres humanos mais completos que já existiu. Vida como a dele não há. Era um gênio criador que pensava à frente porque enxergava o óbvio: sem educação e formação de bons valores, tudo que se faz vai direto pro ralo, sem chance de volta.

E o melhor: ele não foi comentarista. Ele fazia. Fundou duas universidades, foi ministro da Casa Civil de João Goulart, criou os CIEPS - tão bons que obviamente foram sucateados pelos governos seguintes - e, entre tantas realizações, como senador criou o atual Código de Trânsito e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Aliás, estes últimos, poucos sabem que foi ele. Normal para um país propositalmente administrado para ser ignorante, como é o Brasil.

Darcy, além de tudo, era um sacanocrata da melhor espécie. Zoador, divertido, bem-humorado, mesmo no fim da vida tinha uma energia de dar vergonha a qualquer trintão que chega em casa cansado depois de um dia de trabalho.

E a prova de que era mesmo visionário eu vi outro dia, numa reprise de uma entrevista dele, há uns 15 anos. Ele disse mais ou menos assim: "- Os ricos são burros. Eles deveriam investir em educação para se proteger. Daqui há uns anos, essa massa pobre que não está estudando e recebendo oportunidade de crescer vai se voltar contra eles, os ricos. Vão acabar vivendo com medo, trancados com equipamentos de segurança para escapar de assaltos e assassinatos. São muito burros mesmo."

E enquanto isso, na atualidade, Aécio Neves dá entrevista como baluarte da modernidade. Apesar de tudo, há que se lembrar de Darcy Ribeiro. Só assim pra não desanimar.

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