16 de julho de 2012

Felipe Peixada

Quando eu era rapazinho lá em Barbacena, ops, Niterói, aconteceu isso. Sem sacanagem. Ou melhor, bastante...

A Associação de Moradores de Santa Rosa se reuniu pra ouvir algumas propostas de um jovem vereador. Desde cedo, ele brilhava com seu ar de bom garoto, daqueles que as mães rezam para suas filhas casarem. E que os sogros acabam achando até meio chato, porque sabem que nunca vão tomar uma cervejada mais forte com ele. Fazer o quê? É para um bem maior, né?

Pois a principal proposta desse bom rapaz era fazer a pacata Vereador Duque Estrada uma rua de mão dupla. Para ter uma idéia do que eu tô falando, imagine aquelas ruas que ainda têm paralelepípedo, bastantes árvores e até uma persistente quitanda...

Ao apresentar a infâmia, o rapazola defendeu a mudança afirmando que era para o bem do bairro. Mas para sua surpresa, em meio ao silêncio ele foi rebatido por um senhor, que questionou se o bem não seria maior às construtoras. Obviamente o coroinha negou. E concluiu fazendo uma autorreferência: - Sempre defendemos os interesses de Santa Rosa! Inclusive, recentemente instalamos um sinal aqui na esquina com a Noronha Torrezão, que beneficiou a todos os moradores da região!

Ao ouvir isso, o senhor apertou o nó da faixa e deu o mata-leão: - Me admira ver um jovem político como você, com esse discurso de prefeitinho de cidade do interior de 50, 60 anos atrás, quando colocavam banda e palanque pra qualquer coisa. Instalar sinal de trânsito é obra corriqueira, obrigatória, e não uma realização. Você tinha que pensar diferente, meu filho. Pega mal falar isso!

Nesse momento, o político ficou mudo, e sua cara de pau foi do marrom peroba ao vermelho Coca-Cola. E nem foi de vergonha, mas de raiva, é claro. Depois disso, os moradores acordaram e vetaram a safardanagem.

Hoje, após vários anos, o vereador cresceu como político, virou deputado estadual, secretário do Cabral, e está se lançando a prefeito de Niterói. A Vereador Duque Estrada, ao contrário, só diminuiu, pois teve a mão dupla enfiada goela abaixo, obviamente porque os moradores foram omissos e não fizeram nada além de reclamar para o alto. E o velho? Bem, ele morreu com uma felicidade incomensurável: passou seus últimos dias bem acompanhado, dividindo muitas cervejas e vinhos, porque sua filha não casou com o genro ideal...

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