13 de agosto de 2010

Dúvida

Há uns bons anos, soube de uma história bem triste. A mãe de um prefeito de uma cidade provinciana, mas com pose de cosmopolita, ouvia muitos e insistentes boatos sobre a falta de lisura do filho. Imagine chegar a tantos anos com uma suspeita dessa, ainda mais sabendo que o filho não aprendeu isso em casa.

Inteligente que é, não tirou a dúvida com o alcaide. Procurou um amigo de longa data, profundo conhecedor da política do município. Ela o chamou à sua casa, recebeu-o com toda educação e ansiedade, e perguntou se tal desgraça seria fato. Ou fatídica, como preferirem. Ao encarar a aflição dessa mãe, que ainda trazia a dramaticidade da velhice avançada, ele não teve outra saída: mentiu. Mesmo indignado com o que acontecia na prefeitura, o amigo foi amigo, e teve o bom senso de preservá-la. É certo que a verdade liberta, mas em alguns casos destrói. Aliviada, ela agradeceu pela visita e, provavelmente, a Deus por receber aquela resposta.

Lembrei dessa passagem verdadeira essa semana, depois do debate entre os candidatos a governador. Na ocasião, ficou em mim um questionamento: será que o Cabral pai nunca teve vontade de fazer o mesmo?

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial